quinta-feira, 28 de abril de 2011

Pequeno excerto do romance do DESPERTAR

"... E sobretudo porque a verdade e a liberdade não interessam à grande maioria dos homens (...) Com a verdade e a liberdade nada se tem ou é... (...) Mas ninguém aceita ser assim tão pobre: não haver menos que o infinito!... (...) E por isso todos mendigam o que imaginam faltar-lhes... Objectos, coisas, seres, relações, situações, estatutos, qualidades, experiências... Dinheiro, carros, casas, casamentos e divórcios, carreiras, poder, visibilidade e fama, reinos, paraísos, divindades e a salvação, a iluminação! Todos mendigam muito menos do que infinitamente possuem!... (...) Todos vivem e agem por e para alguma coisa... todos têm motivos e planos, objectivos e finalidades... e logo medo e expectativa... insegurança e insatisfação... todos dirigem o infinito, o eterno e a totalidade que são para o que é limitado, efémero e parcial... e assim não podem senão errar de frustração em frustração... dando voltas e mais voltas sobre a sua própria ignorância, de pensamento para pensamento, de emoção para emoção, de existência para existência, de vida para vida, de nascimento para nascimento, de morte para morte... De onda para onda, de brisa para brisa, quando são o inteiro oceano, o infinito espaço... (...) Voltados para o passado, o presente ou o futuro, perdem-se a cada instante perdendo o instante!..."


in Línguas de Fogo, Paixão, Morte e Iluminação de Agostnho da Silva, de Paulo Borges

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